Segundo militante preto é assassinado em Maricá, em menos de seis meses

Lucas dos Santos, jovem de 23 anos, militante da UNEGRO, União de Negras e Negros Pela Igualdade, de Maricá (Região dos Lagos do Rio de Janeiro), foi assassinado na porta de sua casa na noite deste domingo, dia 3, a motivação seria racial, já que o jovem era atuante em pautas de igualdade racial na região. O corpo de Lucas será enterrado nesta terça-feira, às 10h, no Cemitério Municipal de Maricá, no Bairro Jardim Roberto Alves. Segundo a Assessoria de Imprensa da Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) foi acionada e a perícia foi realizada no local. As investigações estão em andamento para esclarecer o caso.
Segundo a UNEGRO Maricá, Lucas era um jovem cheio de vida, de família, trabalhador, sem antecedentes criminais, religioso, ser humano maravilhoso, íntegro, guerreiro, se dedicou e contribuiu de forma relevante ao movimento negro e às causas sociais. Em seis meses, Lucas foi o segundo jovem preto integrante da UNEGRO assinado. Em agosto, Renan Eloy, fo assassinado.
"Isso não foi uma fatalidade, foi um crime, e como entidade queremos que se faça justiça, que as autoridades atuem para que outras vidas no país sejam poupadas. Estamos tristes, de luto e somos solidários à família de Lucas, aos amigos e unegrinos. Pedimos à todos que reflitam sobre esse cenário que está se desenhando e o que podemos fazer como sociedade para frear acontecimentos como esse. Nós, da UNEGRO Maricá, enquanto sociedade civil exigimos resposta das autoridades, com a adoção das medidas efetivas para acabar com a violência que destrói dia a dia vidas e famílias", afirmou Monica Gurjão, presidenta da UNEGRO Maricá.

Nas redes sociais, políticos e organizações sociais se mobilizaram pedindo investigação e celeridade no caso de Lucas. Jandira Feghali relembrou os assassinatos de cinco jovens pretos em 2018, em Maricá. "Essa é a guerra urbana que tira milhares de vidas negras todos os dias! Em 2018, cinco jovens foram vítimas da mesma violência, eles davam aulas de hip hop para crianças de 8 a 10 anos na área comum do Condomínio Carlos Marighella, Conjunto Minha Casa Minha Vida e foram brutalmente assassinatos no mesmo local das aulas. O Episódio ficou conhecido como Chacina de Maricá. Não podemos naturalizar a morte de nossa juventude. Toda nossa solidariedade aos familiares e amigos. E a pergunta se repete: Quantos mais tem que morrer para essa guerra acabar? Exigimos apuração e punição para os assassinos de Lucas", afirmou em nota.