Sambódromo - um enredo de cinderela
No carnaval, locais como o sambódromo ficam muito em evidência, aliás, lá é o palco da principal festa do país. Mas como será que ele surgiu e qual seu objetivo principal?
Em 1982, Leonel Brizola foi eleito governador do Rio, na primeira eleição direta no Brasil, depois da ditadura. Brizola queria juntar cultura e educação e chamou o antropólogo Darcy Ribeiro que idealizou o projeto do Sambódromo.
Darcy teve a ideia é entregou o projeto para o mais renomado arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer. Um dos objetivos era acabar com a montagem e remontagem de arquibancadas e transformar aquele local num palco permanente do Carnaval, principal festa do Brasil. Darcy escolheu o nome por conta da junção da palavra “samba” e o termo “dromos”, que significa caminho.
Mas a história conta que seu principal objetivo não era apenas o Carnaval. A construção do Sambódromo foi uma ação política, pois as obras do governo Brizola, beneficiaram não só a cultura como também a educação. Quando o período do carnaval acabava, o local era utilizado para abrigar cerca de 160 salas de aula e tinha capacidade para 10 mil crianças iniciarem o seu ano letivo nos chamados CIEPS, um projeto revolucionário de escolas em tempo integral para as crianças do estado do Rio de Janeiro. Projeto também idealizado pelo Antropólogo Darcy Ribeiro,

E em 2011 o programa de escolas que durou 25 anos chegou ao fim. De acordo com uma matéria publicada pelo Jornal Extra em novembro de 2010, os pais estavam apreensivos e não sabiam aonde matricular os seus filhos. E um dos problemas era encontrar vagas em períodos integrais como eram nos CIEPS.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, as aulas de Educação Infantil deram espaço a atividades do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), e a mudança se deu porque as escolas do Sambódromo acabavam perdendo muitos dias letivos, devido aos ensaios e desfiles das escolas de samba, já o PEJA por ser estruturado em módulos, não sofreria esse problema.
Só em fevereiro de 1987 o sambódromo que antes era chamado de “Passarela do Samba” ganhou o nome de “Passarela Professor Darcy Ribeiro”, como homenagem ao seu idealizador.
Com a inauguração do Sambódromo, os desfiles passaram a acontecer em duas noites, como é nos dias de hoje. Seis escolas desfilam do primeiro dia e as outras seis no segundo. E só em 2011 foram implementados os camarotes, o que gera polêmicas até hoje, isso porque durante os desfiles das escolas de samba acontecem shows que acabam atrapalhando o espetáculo principal. O radialista Alexandre Ferreira, que fez a cobertura dos desfiles 2022 pela Rádio Tupi deu sua opinião nas redes sociais sobre os camarotes “Pelo fim das ‘baladas’ na Sapucaí! Respeitem a Passarela do Samba e as pessoas que estão desfilando ou nas arquibancadas e frisas querendo curtir as escolas de samba. Quer curtir música eletrônica, funk ou sertanejo, tem outros lugares mais apropriados.”, desabafa.
Na década de 30, o Carnaval sofria grande censura e interferência política, e até o samba enredo cantado na festa não poderia abordar alguns temas, como: política, etc. E a censura se estendeu pelos primeiros anos da inauguração e ainda tomavam conta dos desfiles. E além disso, desde o surgimento da passarela do samba, a corrupção faz parte da festa, isso porque sempre houve superfaturamento nas obras e no desmonte das arquibancadas, que nos seus primeiros anos de existência não eram fixas.
Mas não é só o Rio de Janeiro que tem um Sambódromo, e os mais conhecidos são: Sambódromo da Marquês de Sapucaí, do Rio de Janeiro; Sambódromo do Anhembi, de São Paulo, além de Florianópolis, Vitória, Santos, Porto Alegre e Manaus, todos no Brasil, e também em países como Argentina e Paraguai.
A Marquês de Sapucaí tem 700 metros de comprimento e antes da reforma tinha capacidade para 60.000 pessoas. E possui estrutura de concreto com peças pré-moldadas.
De acordo com a Prefeitura do Rio, em 2022 a Sapucaí recebeu obras de melhorias na pavimentação e drenagem. A reforma foi feita pela Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Conservação e da Riotur, onde foram recapeados cerca de 37% da pista, totalizando 360 toneladas de asfalto em uma área de 3.250 metros quadrados.