Rio terá gastos bilionários com a segurança pública
Com três das cinco chacinas mais letais do RJ, Cláudio Castro pretende gastar 10,6 bilhões com polícias em 2023

Cláudio Castro, atual governador do Rio de Janeiro, tem como planejamento para 2023 investir fortemente na Segurança Pública do Rio de Janeiro. Está previsto gastar R$15,8 bilhões de reais em policiamento. Este número equivale a 16,3% do orçamento total para gerenciar o estado durante o próximo ano. As quantias exorbitantes ultrapassam por exemplo, os investimentos que serão feitos para áreas como a da Educação (R$9,4 bilhões) e da Saúde (R$9,9 bilhões).
Um estudo realizado pela Organização Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), aponta as consequências do tipo de planejamento: intensificação de operações em favelas e aumento expressivo da morte da população negra e periférica.
O valor previsto para a Polícia Militar é de 8,2 bilhões e ultrapassa o gasto de 2022. Todos esses aumentos na Segurança Pública resultam em operações cada vez mais frequentes e violentas. Ainda que esteja ativa a ADPF das Favelas (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635), que tem como objetivo proibir as incursões policiais no Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid-19.
Todas as divisões de segurança estão com seus investimentos assegurados e reforçados de maneira que ultrapassa a verba. Equipamentos como armas, munição, aeronaves, entre outros, também estão programados para receberem atenção do plano. O governador é responsável por três chacinas policiais no estado. Entre elas: Jacarezinho (maio de 2021), com 28 mortos; Vila Cruzeiro no Complexo da Penha (maio de 2022), com 24 mortos; e Complexo do Alemão (julho de 2022), com 17 mortos, como informa os dados do Geni (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), UFF.
A economista e coordenadora executiva da IDMJR, Giselle Florentino, fez a ligação de que um orçamento maior para essas áreas, leva diretamente para mais mortes da população negra e periférica. De acordo com ela, o planejamento orçamentário do estado é um mapa claro das intenções e prioridades do Governo. No caso do governador reeleito, é nítido o desejo de fomentar o genocídio da população das favelas. O Rio de Janeiro possui um índice de mortes decorrentes das incursões policiais superior à média nacional. Enquanto no Brasil a letalidade é de 12,8%, no estado é de 25,4%.
Segundo o levantamento do estudo “As mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 78,9% das vítimas são pessoas negras, e esse número é quase o triplo se comparado às mortes de pessoas não negras. Entre os assassinados, os jovens são os principais alvos.