Atualizado: 12 de mai. de 2021
Chacina acontece um dia depois do encontro entre Bolsonaro e o Governador do Rio de Janeiro
Acuado pela CPI da Covid no Senado e totalmente atrapalhado com declarações absurdas contra a China, principal fornecedor de insumos para a vacina da Covid, o presidente Bolsonaro está buscando diversas maneiras de estancar a acelerada perda de popularidade de seu governo.
Parece que é só isto, a eleição em 2022, que interessa ao Presidente. Ele não demonstra dar muita importância para os quase 450 mil mortos da Covid e descumpre todos os protocolos sanitários contra o virus letal.
Agora, seu alvo preferencial parece ser os ministros do STF e, para atingi-los ele é capaz de tudo. Até mesmo uma combinação com o governador do Rio de Janeiro para fazer uma desastrosa operação policial que tem como resultado mais 28 mortes. Esta operação policial acontece um dia depois do Presidente se reunir a portas fechadas com o Governador Claudio Castro, do Rio de Janeiro e durante a proibição do STF de não poder ser feita invação em favelas durante a pandemia.
Claro que existem várias narrativas para este trágico episódio do Jacarezinho. Uma destas narrativas é do jornalista Luis Nassif, na sua coluna no blog GGN, que coloca a questão num contexto mais amplo da política.

"Na coletiva, o comandante da força tarefa que executou 25 pessoas em Jacarezinho atribui a tragédia ao supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, ao impedir novas operações durante a pandemia, o STF – através de decisão do Ministro Luiz Edson Fachin – teria permitido às facções se armarem. Na CNN, o principal porta-voz do bolsonarismo no jornalismo, Alexandre Garcia, repete os mesmos argumentos e as mesmas acusações ao Supremo." - Luis Nassif
A (narrativa) mais provável é a seguinte:
1. O desastre na frente econômica e sanitária erodiram (corroeram, desgastaram) um gênero e o poder político de Bolsonaro.
2. Bolsonaro tentou envolver como Forças Armadas e falhou. O ápice foi a demissão do Ministro da Defesa e a reação interna, que obrigou Bolsonaro a cumprir o regulamento da nomeação dos novos chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
3. Sem respaldo das FFAAs para o golpe, era óbvio que partiria para a radicalização.
4. Com a ordem para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, autorizasse a abertura da CPI do Covid, o Supremo torna-se seu alvo preferencial.
5. Não tendo condições de afrontar o STF pessoalmente, Bolsonaro recorre ao governador Castro para o enfrentamento. Basta pegar uma investigação em andamento e, a partir dela, promover o massacre, tendo no comando da segurança do Rio dois secretários identificados com o bolsonarismo e suspeitos de envolvimento com as milícias.
Uma operação afronta direta decisão do Supremo.