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O Combate à Pandemia em Territórios de Favela



O Brasil, no início de setembro, ultrapassou a trágica marca de 4.2 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Os registros de óbitos/dia já se aproximam de 130 mil. São mais de 128 mil pessoas que já morreram no país após contraírem covid-19. Desde maio esse número se mantém muito alto, entre 600 e mil mortes por dia, aproximadamente. segundo o Consórcio de veículos de imprensa, com dados das secretarias estaduais de Saúde.


O avanço da pandemia foi uma espécie de sirene de alerta à sociedade para essa condição de negação imposta aos lugares onde moram os mais pobres da cidade. É inaceitável que grande parte dessa população continue sem receber os serviços de combate à proliferação do Covid-19. Em muitas áreas há falta de água e os serviços de esgoto e recolhimento do lixo são precários. A pandemia do coronavírus veio desnudar o grande descaso com que as favelas e periferias vinham sendo tratadas. A sensação de caos piorou quando, a partir dos meses de junho e julho, vieram a público as notícias de indícios de crimes relativos a contratos de serviços e compra de material pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. O governador Wilson Wítzel foi afastado e as revelações confirmaram que o estado do Rio de Janeiro continua a fazer parte da lista dos estados mal governados, que perderam sua capacidade de planejamento e execução orçamentária.


Todavia, se de um lado há um histórico de gestões fraudulentas praticadas por governantes inescrupulosos; do outro há uma vigorosa força comunitária, cujo trabalho tem elevado a esperança do povo fluminense, com diversos tipos de ações voluntárias, realizadas com muita garra e organização.


A solidariedade e a força comunitária

Podemos afirmar que as principais motivações dos grupos comunitários surgem como forma de reação à ausência e/ou a ineficiência do poder público. As favelas possuem uma população com maioria de pessoas negra e pobre, o que demonstra que não se trata de uma exclusão qualquer. Ela faz parte de um “projeto de país” que tem no racismo estrutural a sua principal base elementar.


Por esse prisma vamos entender como a luta comunitária tenta suprir o espaço vazio deixado pelo poder público. Os grupos se organizam e se constituem através de ações “essencialmente políticas e solidárias”. Políticas porque são contrárias à inaceitável desigualdade; solidárias, pois são organizadas para minimizar o sofrimento da população mais vulnerável.


A solidariedade de pessoas de dentro e de fora das comunidades é fundamental no apoio e para angariar recursos para execução do serviço. A sanitização voluntária é um ótimo exemplo para mostrar como é raro o serviço chegar ao interior das favelas pelo poder público. A higienização in loco é uma forma eficiente de combate à pandemia reduz os riscos de contaminação e, ao mesmo tempo, colabora para diminuição do sofrimento dos moradores e para o aumento da autoestima das pessoas, que se sentem acolhidas.

É fato que na lógica racista das elites as favelas e periferias são vistas como “áreas de conflito”, nas quais o Estado deve atuar, quase que exclusivamente, através do seu braço armado. Os segmentos mais pobres da população sempre lidaram com essa opressão praticada pelo “Estado Policial”.


Boas medidas de combate à pandemia

No estado são poucos os municípios onde os prefeitos cuidam bem da administração pública e realizam investimentos regulares para o atendimento das demandas da parcela mais pobre da população, como transporte, educação, cultura e saúde. Em relação ao combate à pandemia podemos citar os exemplos de boas políticas públicas as medidas adotadas pelos prefeitos de Niterói e de Maricá, respectivamente, Rodrigo Neves e Fabiano Horta.


São cidades onde as ações de higienização em áreas mais pobres foram iniciadas em março, isto é, desde o início da pandemia; com muito vigor e qualidade. Foi destinado para as operações um forte aparato de máquinas, equipamentos e caminhões tanques. As operações foram acompanhadas de perto por gerencias e supervisores técnicos dessas prefeituras.


Na cidade do Rio é bem diferente. A prefeitura deixou muito a desejar em relação ao serviço de sanitização. Já são muitas as favelas onde as lideranças de favelas que compraram seus próprios aparelhos atomizadores para execução voluntária das ações de sanitização, como Santa Marta, Babilônia, Cantagalo, Maré, dentre outras. As máquinas portáteis lançam uma solução de quaternário de amônio diluído em água nas escadarias, becos e vielas das comunidades.


As operações voluntárias são planejadas conforme a disponibilidade dos integrantes das equipes, das condições do tempo e dos apoios recebidos através de vaquinhas eletrônicas. Essas ações têm obtido sucesso de aceitação por parte dos moradores, que reagem agradecidos e aliviados ao verem um serviço de combate à pandemia tão bem organizado nas proximidades de suas casas.


O Movimento Babilônia Utopia, liderado por André Constantine, no dia 29 de agosto realizou a operação de sanitização na Comunidade Tavares Bastos, localizada no Bairro do Catete. A equipe visitante foi bem recebida e contou com o apoio de Zizo da Tavares das lideranças locais ligadas à presidente da associação de moradores, Martha da Conceição.

O Deputado Waldeck Carneiro, que mantém uma boa relação com os moradores da Tavares, esteve presente com sua equipe. Waldeck participa todos os sábados, às 17h, da live “A Luta Contra a Pandemia em Territórios de Favela” que dá visibilidade ao trabalho de dezenas de lideranças comunitárias atuantes no combate à pandemia covide-19.

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