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FICA IRMÃO POR AQUI É O LADO CERTO (Grupo Exame Oficial)

FICA IRMÃO POR AQUI É O LADO CERTO (Grupo Exame Oficial)


EU VOU ATÉ O FIM (Elza Soares)



FOTO: site Justificando


Firme na gíria é uma expressão muito usada pela minha comunidade de axé. Significa fica firme. “Fica firmão” talvez tenha o mesmo significado. Assim entendo.


“Ficamos firmes na gíria”, “firmão do lado certo” da história.


No dia 8 de março acompanhamos a tão esperada absolvição do ex-presidente Lula. Mas, até aqui foi uma verdadeira batalha no campo jurídico e nas ruas para provar o que só os golpistas não viam: LULA INOCENTE.


Felizes estamos em não duvidar e estarmos solidárias/os, por estarmos do lado certo. Entre as quase 300 mil mortes pela Covid-19 e tantas outras dores, nos aquece o coração essa notícia.


Estamos retrocedendo do ponto de vista dos campos dos direitos a estágios primitivistas. Nós mulheres presenciamos sentenças, aqui no Brasil, em que o estuprador cometeu um crime "sem intenção". Como é que pode? (Lélia Gonzales). O Estado desrespeitando decisão do STF ao invadir favelas e comunidades matando mulheres, crianças e jovens negros em plena pandemia, vidas incontáveis e irreparáveis têm sido ceifadas. Uma pergunta faz-se necessária: como ficam as famílias brasileiras, ante essa catástrofe? Inclua-se entre estas famílias a de Marielle e Anderson. Já são três anos sem sabermos quem mandou matar e o porquê.


Não estamos mais conseguindo comer, nem viver no Brasil. O custo de vida muito elevado retira o poder de compra de alimentos básicos, o arroz custando quase R$ 30,00.


Estamos sem esperança de sermos vacinadas/os, há lentidão com a proteção a nossas vidas, somos obrigadas/os a entrar em ônibus, trens e BRTs lotados todos os dias para enriquecer quem tem dinheiro nesse país. Vamos usando nossas máscaras que nos protege e lutando para sermos vacinados e mudar nossa vida miserável.


Voltando a questão da liberdade do ex-presidente Lula, gostaria de chamar atenção sobre o povo negro encarcerado, em sua ampla maioria de jovens, homens, mulheres e adolescentes. Por que o Brasil vem, sistematicamente, diminuindo a comida e os meios de produção para o trabalho? Sem ter como ganhar o pão e o feijão de cada dia, cresce o encarceramento em celas negreiras. Isso mesmo, celas negreiras! Existe diferença entre esse tipo de cela com um navio negreiro? Não, ambos possuem as mesmas características: depósito de corpos negros sem higiene, sem espaço, onde mulheres detentas usam miolo de pão como absorvente, tal estado de abandono é sinônimo de desumanidade total.


Há milhares de irmãos e irmãs negros/as encarcerados sem comprovação dos delitos a eles atribuídos, assim como ocorreu com Lula.


Geralmente, esse povo negro é encarcerado com base apenas em um tal de “reconhecimento facial”. A vítima, o PM olha para uma foto e pronto, quaisquer negros/a vai direto para trás das grades sem averiguação.


Nós ativistas vamos continuar lutando até o fim, até erradicarmos o racismo estrutural, que nos mata cotidianamente no Brasil porque somos irmãs/os e estamos “firmes na gíria”.


Adriana Martins

Feminista antirracista Ativista da Articulação de Mulheres Brasieliras -AMBRio

Movimento Negro Unificado -MNURJ

Comissão de Combate a Intolerância Religiosa

Fórum de Qualidade e Vida do Sindsprevrj

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