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DEPOIMENTO DE UMA MORADORA DA MANGUEIRA SOBRE O CORONAVÍRUS

Atualizado: 21 de mar. de 2020

Meu nome é Kely Louzada, sou moradora do morro da Mangueira, fundadora de uma ONG/Biblioteca Comunitária que atende diariamente mais de 100 pessoas e preciso que o Governo nos informe como devemos proceder sobre o coronavírus não apenas nas ruas, mas nas nossas casas e na nossa comunidade, se tem casas aqui no Morro que a mesma parede divide duas casas e que tem famílias que dividem o mesmo espaço com 7, 8, 13 pessoas, que a maioria dos becos são apertados e sem ventilação? O Governo tem algum plano de ação pra isso? Estamos vendo proibição de ir e vir, controle nos transportes públicos, aeroportos, escolas fechadas, dicas de como usar álcool gel e pedidos para que fiquemos em casa, mas e aí? Como fazer isolamento em comunidades com becos apertados e sem ventilação? Como pedir higiene da população se mal temos saneamento básico? Respondem-nos como iremos lavar as mãos, se na comunidade há falta de água, como as pessoas vão escolher entre comprar álcool gel e comida e como poderemos trabalhar de casa, ‘fazer home office’, se a maioria vive de trabalhos informais, são domésticas, pedreiros, ambulantes que não podem maratonar na Netflix até o risco de contágio passar, porque tem contas pra pagar e não sabem como vão fazer pra sobreviverem? Existe um plano para que os moradores das comunidades também possam enfrentar o coronavírus ou a escolha é seletiva? Não esqueçam que, se esse vírus chegar às favelas e comunidades na nossa cidade, a contaminação será em massa, sem fazer distinção entre ricos e pobres.



Kely Louzada


Texto originalmente publicado no Facebook, em 19/03/2020, às 11:21

https://www.facebook.com/kely.louzada

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