Conferência de Meio Ambiente discutiu a pauta ambiental do Estado

No sábado, 25 de junho, no Teatro Oscar Niemeyer, em Niterói, das 9 às 17h, realizou-se a Conferência Livre Estadual de Meio Ambiente e Agricultura do Rio de Janeiro (Clemaarj); que, após dois anos de articulações virtuais, conseguiu mobilizar vários ativistas para discutir a pauta ambientalista. O evento contou com a participação de 150 representantes dos movimentos sociais, sindicatos, ONGs e cerca de 250assistindo virtualmente.
Diversas lideranças do movimento ambiental refletiram sobre as demandas de suas regiões e apresentaram relevantes projetos nas áreas de educação, comunicação e ambiente, como o projeto Nem Tudo é Lixo, realizado na escola Osiris Palmier da Veiga, em Saquarema, e coordenado pela professora e Técnica em Meio Ambiente, Sueli Silva, que estimula a consciência ambiental das crianças da creche ao quinto ano.
De acordo com a educadora Sueli Silva, as crianças aprendem a importância do solo limpo e cuidado, o que é lixo, o que podem separar e levar para a escola. “Trabalho com importância das matérias-primas, explicando qual a relação com a Natureza e como podemos reaproveitar os resíduos sólidos. Também temos uma horta na escola, todos os alunos plantam mudas e cuidam da terra. Quando vem a colheita, os alimentos são sorteados entre os alunos e utilizados na merenda”, comentou.

A plenária também debateu a conjuntura política do Estado, propondo ações que orientarão o documento que será entregue à Conferência Nacional. De acordo com Jorge Antonio, Eng. Agrônomo, Diretor do Senge-RJ, membro da coordenação executiva da Clemaarj, a conferência foi organizada de forma livre e horizontal. “Mesmo na pandemia, continuamos com as reuniões coletivas, discutindo propostas e realizando lives sobre muitas questões ambientais. Então, esse ambiente de agregação e mobilização foi crescendo e muitas lideranças se aproximaram da organização da conferência”, afirmou.
“A Conferência não é ponto de partida nem de chegada, é mobilização permanente”
Segundo o pesquisador da Fiocruz, Alexandre Pessoa, durante a quarentena imposta pela pandemia, houve um processo de mobilização permanente organizado pela executiva da Clemaarj , realizando inúmeras lives com diversas participações distintas e temas que foram emergindo ao longo dos encontros. “Mesmo impedida de realizar reuniões presenciais, esse movimento virtual resultou num trabalho de base, acumulando forças, debates, discussões que resultaram na publicação de documentos-base que foram construídos de forma horizontal, e que eu chamo de documentos em movimento, porque acumulam não só no aspecto da denúncia, da destruição ecológica promovida pelo neoliberalismo ou da destruição da política ambiental implementada por esses governos, pelo próprio legislativo, judiciário, mas também pela capacidade propositiva de avançarmos com propostas de unidades”, destacou.
Para Pessoa, a Conferência da CLEMAARJ expressa um movimento de grande resistência, porque ela não é ponto de partida e nem mesmo de chegada, ela se propõe a uma mobilização permanente da pauta ecológica, que compreende diversos movimentos sociais. Segundo ele, esta conferência uniu questões fundamentais que são indissociáveis numa perspectiva de fortalecimento da agroecologia, do saneamento ambiental e de diversos pontos que foram colocados. “Nós acreditamos que, onde há exploração da natureza ou dos trabalhadores, haverá resistência. Então, eu percebo um ressurgimento de um movimento ambiental que pode vir a se tornar forte e necessário perante os desafios da profunda crise ecológica em que vivemos”, ressaltou.

Segundo a pesquisadora da Fiocruz, Paula Bonatto, a Conferência foi importante por reunir lideranças históricas e trazer outras mais novas nessa discussão. “A atividade conseguiu agregar diversas propostas relevantes, porém, em relação à Niterói, faltou debater sobre a especulação imobiliária. Estão ocorrendo várias manifestações populares em favor da moradia digna, porque mais de 30% dos moradores desta cidade sobrevivem em assentamentos precários e irregulares”, assegurou. Bonatto destacou ainda que é necessário discutir mais sobre saneamento básico para avançar na luta ambiental e na despoluição dos recursos hídricos. Além disso, pensa que é essencial organizar mais conferências, não tão distantes entre elas, para realizar uma mobilização em nível estadual, que responda às necessidades da população trabalhadora.
Saiba mais sobre o encontro e conheça todos os documentos no site oficial da CLEMAARJ:
Íntegra do documento temático sobre Água e Saneamento aprovado na Clemaarj 2022
( https://aguasane.clemaarj.org/wp-content/uploads/2022/02/DOC-BASICO-AGUA-E-SANEAMENTO-2022-01-18.pdf )
Íntegra do documento temático sobre Mudanças Climáticas aprovado na Clemaarj 2022
(https://mudaclima.clemaarj.org/wp-content/uploads/2021/02/DOCUMENTO-BASICO-MUDANCAS-CLIMATICAS.pdf )