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Com fake news, discursos antivacinas se espalham nas redes

Atualizado: 9 de set. de 2020

A Fiocruz fez um levantamento sobre fake news e o discurso antivacinas, e os enredos são desconcertantes: Nos Estados Unidos, uma adolescente de 14 anos – virgem, frisa a mensagem – teria engravidado após ser vacinada contra a gripe. Numa outra versão do relato, são duas meninas são mexicanas e têm entre 11 e 17 anos. Nesse caso, a culpa pelas gestações seria atribuída à vacina contra o HPV. Com variações, narrativas falsas como essas – sem nenhuma comprovação científica – se disseminam pelas redes, dando sustentação ao discurso do movimento antivacina. Segundo a Fundação, ao menos 13.5% dos links sobre vacinas, seriam com notícias falsas.


“As fake news em saúde são, atualmente, um problema extremamente grave, pois prestam um desserviço à população”, avalia a pesquisadora Luisa Massarani, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), uma das autoras do estudo. “É necessário estar atento a esse tipo de conteúdo, uma vez que as redes sociais podem ser usadas para reverberar as vozes de movimentos antivacina”, adverte.



Publicados em agosto na revista Cadernos de Saúde Pública, os resultados foram obtidos a partir da análise dos links mais compartilhados, curtidos e comentados no Facebook, Twitter Pinterest e Reddit no intervalo de um ano a partir de maio de 2018. Das 100 páginas identificadas por meio de uma ferramenta de monitoramento digital (BuzzSumo), 11 estavam fora do ar no momento da análise, o que reduziu a amostra válida para 89 links.  

Ainda que os dados indiquem uma menor prevalência das notícias falsas nos posts de maior engajamento ao longo do período analisado, Massarani alerta que elas podem estar presentes de uma maneira mais ampla nas redes sociais e, por isso, merecem atenção. Além disso, observa a pesquisadora, o problema das fakes news parece ter se intensificado com a pandemia da Covid-19, conforme mostram outros estudos em andamento.


“O movimento antivacina pode estar atuando prioritariamente em grupos fechados no Facebook e no WhatsApp, e não em espaços públicos do Twitter e do Facebook. Nesse sentido, é necessário direcionar novas pesquisas que levem em consideração esses outros espaços midiáticos”, pondera Massarani, que conduziu o estudo ao lado de Tatiane Leal e Igor Waltz. Os três pesquisadores fazem parte do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT).

 

Mesmo entre os links com viés favorável às vacinas, o estudo constatou a presença de notícias falsas. Enquanto que as fake news antivacina foram sustentadas pelo argumento da “gravidez vacinal”, as notícias falsas pró-vacinação traziam questões relacionadas a sociedade, ciência e saúde pública, como é o caso do artigo Cuba produz vacina contra o câncer - Mais de 4 mil pessoas já foram curadas por ela!, publicada no blog Papo Reto?. Apesar de o título falar na “cura” da doença, o corpo do texto indicava que, na verdade, o medicamento havia possibilitado a melhora de sintomas e o prolongamento do tempo de vida dos pacientes.  


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