COLUNA DENTRO DA REALIDADE - Onde está a liberdade finalmente devolvida a alguns há 132 anos?
Atualizado: 16 de jan. de 2021
Liberdade deveria ser a tradução de igualdade; igualdade deveria ser o que almejam todos os homens. Entretanto, como falar em liberdade se ainda somos carregados para a “lavoura” em ônibus e trens negreiros? Se nem mesmo nas senzalas podemos nos movimentar sem o risco da chibata à bala que indiscriminadamente a qualquer momento atinge principalmente aqueles que não esperam pelo castigo.

Por Dalton Ferreira
Acabamos por crer que a liberdade foi mera ilusão, que vivemos em um grande sonho coletivo. Entretanto, estamos despertando e, com esse despertar, aprendemos a reivindicar a verdadeira liberdade que, prometida, não nos foi devolvida ainda.
Nossa Constituição é clara no direito de ir e vir, mas que direito é esse se somos tolhidos das mais diversas formas desse pseudo ir e vir?
Mas vamos aproveitar o samba que foi considerado o melhor da década de “1980” e que foi um grande desfile da minha escola para algumas reflexões...
Nesses idos estranhos, temos vistos ser bastante utilizada a palavra meritocracia. Entretanto, como se adquirem esses méritos?
Essa verdade tem servido para que se esquive das responsabilidades inerentes ao Estado ou, ainda, essa palavra sempre é epílogo para expressões racistas ou preconceituosas.
Vira lenda o delegado que prendia o sujeito e utilizava uma laranja, e, se essa não passasse da calça, considerava que aquilo era sinônimo de sambista. E ser sambista significava que estava mais uma vez à margem dessa tal sociedade.
Sociedade essa em que a exclusão é a regra, onde a sociedade é unipessoal quase sempre.
A verdade é que pertencemos ao mundo do samba, nossos países são nossas escolas que desfilam suas imponentes bandeiras. Ainda bem que teremos sempre nossos catedráticos, que em suas sabedorias de velha guarda continuam a perpetuar nossa história.
“Moço não se esqueça que o negro também construiu as riquezas do nosso Brasil”. Se você conhece versos mais bonitos que esses no cancioneiro deste país, me avise, pois não há aqui uma vírgula que seja fantasia. Temos o privilégio de imortalizar esse samba que deveria ser parte do hino desse país. Quem sabe, assim, deixaríamos de questionar se vivemos um sonho, ou se vivemos em realidade, pois a liberdade ninguém viu.
Mas o negro é rei na Avenida, samba, joga capoeira e continua construindo com as próprias mãos esse país.
A dica de samba?
Mangueira 1988, Cem Anos de Liberdade, realidade ou ilusão.