Arquitetura da destruição em curso no Brasil
Por Adair Rocha e Pedro Geiger

Foto: o incêndio na Cinemateca
Processo metodológico/Político explícito na Alemanha nazifascita, a destruição ataca a arte para atingir a possibilidade do pensamento crítico e criativo reconduzindo para o uso propagandístico do sistema, como fica claro em O Triunfo da Vontade, de Leni Rifenstahl.
O incêndio da Cinemateca, patrimônio do audiovisual brasileiro, de Glauber Rocha, inclusive, é mais um nítido sintoma, dado o abandono, quase sequestro a que a Cinemateca se submeteu.
Mas não é só isso. A Fundação Palmares e os demais órgãos ligados ao que foi o Ministério da Cultura, estão submetidos também ao negacionismo explícito, justificado com racismo, machismo, homofobia e toda sorte de preconceito, justificado até em certos campos religiosos e políticos.
A mentira, repetida, sobejamente, em fake news, também é parte da reprodução do método histórico nazifascista , abusado nesse longo período querentenado do coronavirus, com o assassinato de mais de meio milhão de pessoas, com a negação da vacina, no tempo exato de combate, diante da não possibilidade de aglomeração e cujo isolamento social cumpria, de alguma forma, a ausência da mesma.
Por se tratar de fenômeno mundial, essas feridas têm sido mais explícitas, bem como a origem política de tais tratamentos. O que deixa cada vez mais claro que a saída é política e o processo de construção democrática é o caminho mais adequado. E se a cultura tem sido a escolha para a destruição, sua arquitetura política é o desafio para a construção de políticas públicas que abram cada vez mais a possibilidade de acesso ao direito, à redistribuição relativa de renda e, portanto, a diminuição da desigualdade.
Em curso também a produção do IMAGINÁRIO antirracista, antimachista, anti-homofobia, etc., onde o tratamento como "iguais" possa ser "normal" ou o famoso "novo normal".
É, portanto, urgentíssima, a denúncia e o julgamento de tantos crimes em Curso. Todo apoio à "Declaração de Roma", ora publicada, sobre o papel da Cultura para enfrentar os desafios contemporâneos.
Adair Rocha,
professor da UERJ e PUC-Rio, e
Pedro Geiger,
Professor da UERJ