13 de maio, neste dia, o escritor Lima Barreto estaria fazendo 140 anos de idade.
Afonso Henriques de Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto foi um jornalista e escritor brasileiro, que publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta obra em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX.
Ele foi o primeiro autor brasileiro a se definir como negro, isto há mais de 80 anos, no início do século passado. Lima Barreto no Rio de janeiro, teve como principal tema em suas obras a luta contra preconceitos raciais, dificuldade enfrentada pelos negros na sociedade, luta de classes, recordações de escravidão sobretudo pelo fato de que sua mãe era uma ex-escrava.
Ele não construiu uma literatura somente negra, mas libertária em todos os sentidos. A jornalista Cristina Sant’Anna escreveu no site Disparada um belo artigo sobre Lima Barreto, um negro que nasceu num país racista e defensor de um projeto igualmente racista de branqueamento nacional. Cristina destaca que, neste ambiente até hostil, "Lima Barreto percebe a realidade, enfrentando-a com engajamento e resistência” e isto o torna muito atual.

"Porque de Lima Barreto está tudo aí, na nossa frente, pulando em nosso colo: planos mirabolantes para ruir a saúde pública, doença, morte, assassinatos de gente pobre. A atualidade de seus escritos nus e crus sobre miséria, calhordice, omissão e indiferença é flagrante. Porque sóbrio ou caindo de bêbado nas ruas, em casa, lendo na biblioteca que virou seu quarto — a Limana — como a chamava, ou sem poder sair, no inverno, por não ter roupa de lã e as calças estarem lavando, Lima Barreto pode ser considerado como um poderoso remédio para a memória e um estimulante para o engajamento por princípios éticos. O autor sempre defendeu visceralmente seus pontos de vista, escolhendo retratar, em sua obra, o lado dos oprimidos, dos desvalidos, malsãos, dos violentados de alguma forma pela Primeira República."
Dentre as diversas obras de Lima Barreto, Cristina destaca Clara dos Anjos, O Escrivão Isaías Caminha, Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá e o Triste Fim de Policarpo Quaresma, seu título mais conhecido. Lima Barreto tambem era um bom frasista. Uma delas cabe muito bem nestes tempos de pandemia e de abandono da população que vive nas periferias e favelas:

“Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.” - Lima Barreto